Especialista aponta que valorização dos imóveis, queda no desemprego e otimismo do setor sustentam o crescimento
Mesmo com a taxa básica de juros mantida em 14,75% ao ano por um longo período, o mercado imobiliário brasileiro surpreendeu nos últimos anos com forte expansão. Desde o fim da pandemia, o número de lançamentos cresceu mais de 70% em todo o país. Cidades como Brasília, Goiânia, São Paulo e regiões de Santa Catarina se destacaram com empreendimentos de alto padrão, contrariando as previsões mais conservadoras.
Para Helisson Pelegrini, especialista no setor, esse crescimento revela a resiliência do mercado. “O cenário ideal para a expansão inclui emprego, renda e juros baixos. O Brasil ainda não reúne todos esses elementos ao mesmo tempo, mas há sinais positivos que mantêm a confiança dos investidores e incorporadores”, avalia.
Uma pesquisa da Sienge mostra que 76% dos empresários da construção pretendem investir em 2025. Entre os fatores que sustentam esse otimismo, estão o crescimento das exportações, o bom desempenho da bolsa brasileira em relação à americana e a queda do desemprego, que atingiu o menor patamar trimestral desde 2012.
“O desemprego caiu quase pela metade desde 2021, e esse é um dos principais impulsionadores das vendas”, explica Pelegrini. “Quando a economia vai bem, é porque a construção está puxando. Quando vai mal, o mercado imobiliário sente primeiro.”
A valorização dos imóveis também reforça o apetite por novos investimentos. Segundo o IGMI-R, os imóveis residenciais subiram 10,7% entre março de 2023 e hoje. No mesmo período, o custo de construção aumentou 7,3%, de acordo com o INCC. Já os aluguéis acumulam alta de 63,6% entre 2020 e 2025, muito acima da inflação, que foi de 33,5%.
Para o especialista, isso gera dois efeitos imediatos: torna a compra mais vantajosa do que o aluguel e aumenta a demanda por moradia própria. “A valorização atrai compradores, enquanto o avanço dos aluguéis empurra muitas famílias para o financiamento”, aponta. “Somado ao boom demográfico, temos uma demanda real e sustentada por habitação no Brasil.”