![]() |
| Foto: Freepik |
Casos recentes de intoxicação no Brasil acendem alerta sobre o consumo de destilados ilegais. Substância usada na indústria pode causar cegueira e até a morte
O aumento das ocorrências de intoxicação por metanol tem acendido um alerta em várias regiões do país. A substância, usada na indústria como solvente e combustível, vem sendo identificada em bebidas destiladas adulteradas e comercializadas de forma irregular. O consumo, mesmo em pequenas quantidades, pode causar danos neurológicos graves, cegueira e até levar à morte.
Segundo o coordenador regional das UTIs do Hospital Anchieta Taguatinga e Ceilândia, o médico intensivista Marcelo Maia, o grande perigo do metanol está em seu efeito silencioso no organismo. “O corpo humano não consegue metabolizar essa substância de forma segura. Ela se transforma em compostos altamente tóxicos que afetam o sistema nervoso e o nervo óptico, provocando um tipo de envenenamento que muitas vezes começa com sintomas leves”, explica.
Nos estágios iniciais, a intoxicação pode ser confundida com uma simples embriaguez. Após algumas horas, surgem sintomas como dor de cabeça, náuseas, tontura e visão embaçada — sinais de que o quadro está evoluindo. O especialista destaca que o atraso na busca por atendimento é comum, já que muitas pessoas acreditam tratar-se apenas de uma ressaca. Quando chegam ao hospital, porém, o quadro já pode estar grave.
Em situações mais severas, o metanol compromete o nervo óptico e pode causar perda permanente da visão e falência de múltiplos órgãos. Nesses casos, o paciente deve ser internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde o suporte avançado é essencial para a estabilização clínica.
“O
tratamento exige monitorização contínua, correção da acidose metabólica e,
muitas vezes, hemodiálise para remover o tóxico do organismo. O acompanhamento
por médicos intensivistas é fundamental para evitar complicações e aumentar as
chances de recuperação”, ressalta Maia.
A melhor forma de prevenção é a atenção ao que se consome. Ele alerta para que se desconfie de bebidas com preço muito abaixo do normal, embalagens improvisadas ou sem rótulo e selo fiscal, lembrando que uma única dose de produto adulterado pode causar danos irreversíveis.
Além da vigilância individual, casos suspeitos devem ser comunicados às autoridades sanitárias, para evitar novas vítimas. O metanol é incolor, inodoro e praticamente imperceptível, o que torna o perigo ainda mais traiçoeiro.
Como
enfatiza o intensivista, trata-se de um inimigo silencioso — e muitas vezes, a
diferença entre um simples gole e uma tragédia está em desconfiar a tempo e
buscar ajuda médica imediata, de preferência em um serviço com suporte
intensivo.




.png)