A Praça Rui Barbosa e o ipê amarelo que é um dos cartões-postais de Silvânia (Foto: Reprodução / Instagram)
O município foi cogitado como nova capital antes da construção de Goiânia. Hoje, agronegócio forte e grande potencial para o ecoturismo marcam a cidade
Quem passeia
pelas ruas tranquilas de Silvânia pode não se dar conta de que está
diante de um pedaço importante da história de Goiás. Localizada a apenas
85 quilômetros de Goiânia, Silvânia teve sua origem no período áureo da
mineração, quando o sonho de formar riqueza atraiu aventureiros de
diversas partes do Brasil para a região. Com a descoberta de lavras de
ouro, por volta de 1774, formou-se um arraial nas redondezas, logo
batizado de Nosso Senhor do Bonfim, graças a uma imagem da representação
católica trazida por grupos oriundos da Bahia.
O arraial de Bonfim se tornou vila em 1833 e foi alçado à condição de cidade no dia 5 de outubro de 1857. Nos anos seguintes, o município iria manter o crescimento sempre atrelado à pujança econômica, fortalecendo a vocação para a agropecuária e beneficiando-se também da inauguração, em 1930, de uma estação da célebre Estrada de Ferro, que potencializou o desenvolvimento da região. Apenas em 1943 é que Bonfim passaria a se chamar Silvânia, em homenagem à família Silva, de grande influência na comunidade local. Alessandra Carneiro do Nascimento, presidente do Conselho Patrimônio Histórico Cultural de Silvânia, reforça que, nesta época, a cidade já se destacava como um expressivo centro comercial da região.
“Grandes lojas de secos e molhados abasteciam todo o município com produtos trazidos do Rio de Janeiro por tropas de mulas e carros de boi. Com a chegada da Estrada de Ferro, o transporte ficou mais fácil e o desenvolvimento da região aumentou bastante, atingindo novos patamares depois, com a construção de cidades como Goiânia e Brasília. Silvânia ainda se manteve como um centro de grande influência para os novos municípios que foram desmembrados dela, como Vianópolis, Leopoldo de Bulhões, São Miguel do Passa Quatro, Bela Vista de Goiás e Gameleira de Goiás”, explica Alessandra.
O arraial de Bonfim se tornou vila em 1833 e foi alçado à condição de cidade no dia 5 de outubro de 1857. Nos anos seguintes, o município iria manter o crescimento sempre atrelado à pujança econômica, fortalecendo a vocação para a agropecuária e beneficiando-se também da inauguração, em 1930, de uma estação da célebre Estrada de Ferro, que potencializou o desenvolvimento da região. Apenas em 1943 é que Bonfim passaria a se chamar Silvânia, em homenagem à família Silva, de grande influência na comunidade local. Alessandra Carneiro do Nascimento, presidente do Conselho Patrimônio Histórico Cultural de Silvânia, reforça que, nesta época, a cidade já se destacava como um expressivo centro comercial da região.
“Grandes lojas de secos e molhados abasteciam todo o município com produtos trazidos do Rio de Janeiro por tropas de mulas e carros de boi. Com a chegada da Estrada de Ferro, o transporte ficou mais fácil e o desenvolvimento da região aumentou bastante, atingindo novos patamares depois, com a construção de cidades como Goiânia e Brasília. Silvânia ainda se manteve como um centro de grande influência para os novos municípios que foram desmembrados dela, como Vianópolis, Leopoldo de Bulhões, São Miguel do Passa Quatro, Bela Vista de Goiás e Gameleira de Goiás”, explica Alessandra.
O prédio que atualmente sedia a Casa da Cultura já foi palco de muitos eventos importantes da cidade (Foto: Reprodução / Instagram)
Silvânia
também se consolidou como um dos principais centros educacionais do
Estado de Goiás, contando com duas das mais importantes instituições da
época: o Ginásio Anchieta, inaugurado em 1926, e o Instituto
Auxiliadora, aberto em 1937. Esta característica rendeu à cidade o
apelido de “Atenas de Goiás”, em alusão à cidade grega que homenageia a
deusa da sabedoria. Por suas salas de aula passaram algumas das
personalidades mais importantes do Estado, incluindo o escritor Ursulino
Leão e o cantor Lindomar Castilho.
“Nomes importantes de Goiás estudaram no Ginásio Anchieta, para meninos, e no Instituto Auxiliadora, para meninas. E essa influência é bem marcante, com a presença de diversos escritores, artistas, políticos que fizeram parte da história de Silvânia, de Goiás e até mesmo do Brasil. Nomes como Americano do Brasil, Coronel Pirineus, Brás Abrantes, José Caixeta, entre tantos outros”, afirma Alessandra Carneiro do Nascimento.
Uma figura que se destacou pelo empenho em trazer progresso e desenvolvimento a Silvânia foi Dom Emanuel Gomes de Oliveira, primeiro arcebispo de Goiás. Apaixonado pelo conhecimento e notório fomentador da educação, o religioso se apaixonou pelo clima e a paisagem de Silvânia e escolheu a cidade como morada permanente no início da década de 1930. Alguns estudiosos apontam que Dom Emanuel chegou a articular para que o então município de Bonfim passasse a ser a capital do Estado, em substituição à Cidade de Goiás. No entanto, o projeto de uma nova capital culminou na fundação de Goiânia, em 1933.
De acordo com o historiador Jales Guedes Coelho Mendonça, em seu livro ”A Invenção de Goiânia: O Outro Lado da Mudança”, Silvânia conseguia reunir todos os requisitos para exercer a função de capital do Estado, principalmente pelos aspectos geográficos, econômicos e educacionais. A opção pela construção de uma nova cidade para cumprir essa finalidade foi, à época, uma forma de atender a interesses políticos de determinados grupos. Para o jornalista Edmar Oliveira, natural de Silvânia, o fato de a cidade ter sido cogitada como possível capital do Estado é um motivo de orgulho para todos os moradores.
“Nossos registros apontam a chegada dos primeiros mineiros em Silvânia em 1774, o que representa 247 anos de história. Isso sem sombra de dúvidas é o orgulho dos silvanienses. Saber que Silvânia era a cidade cotada por Pedro Ludovico para instalar a nova capital, e que durante muitos anos foi considerada a “Atenas de Goiás”, pela força de suas instituições educacionais e pela formação gerada ao longo dos anos, também são alguns dos aspectos que nos fazem orgulhosos da cidade”, exalta Edmar.
“Nomes importantes de Goiás estudaram no Ginásio Anchieta, para meninos, e no Instituto Auxiliadora, para meninas. E essa influência é bem marcante, com a presença de diversos escritores, artistas, políticos que fizeram parte da história de Silvânia, de Goiás e até mesmo do Brasil. Nomes como Americano do Brasil, Coronel Pirineus, Brás Abrantes, José Caixeta, entre tantos outros”, afirma Alessandra Carneiro do Nascimento.
Uma figura que se destacou pelo empenho em trazer progresso e desenvolvimento a Silvânia foi Dom Emanuel Gomes de Oliveira, primeiro arcebispo de Goiás. Apaixonado pelo conhecimento e notório fomentador da educação, o religioso se apaixonou pelo clima e a paisagem de Silvânia e escolheu a cidade como morada permanente no início da década de 1930. Alguns estudiosos apontam que Dom Emanuel chegou a articular para que o então município de Bonfim passasse a ser a capital do Estado, em substituição à Cidade de Goiás. No entanto, o projeto de uma nova capital culminou na fundação de Goiânia, em 1933.
De acordo com o historiador Jales Guedes Coelho Mendonça, em seu livro ”A Invenção de Goiânia: O Outro Lado da Mudança”, Silvânia conseguia reunir todos os requisitos para exercer a função de capital do Estado, principalmente pelos aspectos geográficos, econômicos e educacionais. A opção pela construção de uma nova cidade para cumprir essa finalidade foi, à época, uma forma de atender a interesses políticos de determinados grupos. Para o jornalista Edmar Oliveira, natural de Silvânia, o fato de a cidade ter sido cogitada como possível capital do Estado é um motivo de orgulho para todos os moradores.
“Nossos registros apontam a chegada dos primeiros mineiros em Silvânia em 1774, o que representa 247 anos de história. Isso sem sombra de dúvidas é o orgulho dos silvanienses. Saber que Silvânia era a cidade cotada por Pedro Ludovico para instalar a nova capital, e que durante muitos anos foi considerada a “Atenas de Goiás”, pela força de suas instituições educacionais e pela formação gerada ao longo dos anos, também são alguns dos aspectos que nos fazem orgulhosos da cidade”, exalta Edmar.
Registro
de visitação na Praça do Rosário, então recém-inaugurada, na década de
60. Local é um dos símbolos da cidade (Foto: Reprodução / Instagram)
Silvânia hoje: orgulho dos moradores
Atualmente, a maior vocação econômica de Silvânia está no agronegócio. O município se destaca como um dos principais produtores de soja, milho e sorgo do Estado. A região conta com grandes fazendas que realizam o cultivo para abastecer o mercado interno e também para atender a alta demanda internacional pelos produtos. Desde a década de 1930, Silvânia é também uma grande produtora de tijolos, destacando-se na extração de areia e fornecendo o material para grandes centros próximos.
Como acontece com boa parte das cidades interioranas do Brasil, Silvânia tem um cotidiano relativamente tranquilo e pacato. A arquitetura ainda conserva muitas características do final do século XVIII, mas também é possível contemplar construções históricas do século XIX e início do século XX. Antes da pandemia, os moradores adoravam passar os fins de tarde na praça da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, ou no coreto da praça do Rosário. Para os adeptos do contato com a natureza, a cidade também oferece opções variadas, como as trilhas da Floresta Nacional ou os hotéis-fazenda do lago Corumbá IV.
Uma das principais novidades do segmento de ecoturismo no município é a Fazenda Canoa, um condomínio reserva às margens do lago, que tem a proposta de explorar o potencial turístico da região aliando sustentabilidade e sofisticação. Além dos encantos naturais do lago, o empreendimento proporcionará um contato próximo com a rica história e a extensa lista de atrações existentes em Silvânia. A cidade oferece um circuito histórico repleto de edifícios e obras de arte importantes.
“Temos praias e cachoeiras que são abertas à visitação. Outros lugares que atraem muitas pessoas são a Estação Ferroviária Caturana e o mirante do Cristo, ambos na entrada da cidade. Se o visitante quiser conhecer a história de Goiás, temos a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim com o Museu de Arte Sacra, que possui acervos dos séculos XVIII, XIX e XX, incluindo imagens atribuídas a Veiga Valle, e o conjunto de telas sobre o casario da velha Bonfim. Além disso, temos a Igreja de São Sebastião, restaurada recentemente, que foi construída por escravos em 1870 e tombada como Patrimônio Cultural de Goiás”, indica Alessandra Carneiro do Nascimento.
Registro da Praça Rui Barbosa pelo alto. com o belo ipê amarelo se destacando na paisagem (Foto: Reprodução / Instagram)
Para
o jornalista Edmar Oliveira, Silvânia tem potencial para se tornar um
grande polo de interesse turístico do Estado, graças aos conjuntos
arquitetônicos de valor inestimável e à presença de muitos locais de
interesse para adeptos da ecoaventura. Além de matas, rios, nascentes e
cachoeiras, a cidade conta com uma parte significativa do colossal lago
Corumbá IV, que possui 173 km² de área divididos entre sete municípios e
uma capacidade de 3,7 trilhões de litros d’água, e a Floresta Nacional
de Silvânia, unidade de conservação federal com mais de 480 hectares do
bioma cerrado.
“Silvânia possui características arquitetônicas muito fortes, algumas não encontradas em outras partes do Estado, sobretudo na referência da arquitetura colonial ainda presente em algumas ruas, que se nota pelo tipo de calçamento e algumas edificações seculares. Destaco e recomendo uma visita a patrimônios como a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, considerada o marco zero da cidade; a Estação Ferroviária Caturama, que significa “boa sorte” em Tupi; a Bica do Baú e exemplares de casarões coloniais ainda existentes no centro histórico. Além do patrimônio arquitetônico, Silvânia ainda conta com diversos espaços naturais que podem ser utilizados para o ecoturismo. Diante de tudo isso, é certo afirmar que a cidade possui um forte potencial turístico, sem contar sua localização a apenas 85 km de Goiânia”, expressa Edmar.
“Silvânia possui características arquitetônicas muito fortes, algumas não encontradas em outras partes do Estado, sobretudo na referência da arquitetura colonial ainda presente em algumas ruas, que se nota pelo tipo de calçamento e algumas edificações seculares. Destaco e recomendo uma visita a patrimônios como a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, considerada o marco zero da cidade; a Estação Ferroviária Caturama, que significa “boa sorte” em Tupi; a Bica do Baú e exemplares de casarões coloniais ainda existentes no centro histórico. Além do patrimônio arquitetônico, Silvânia ainda conta com diversos espaços naturais que podem ser utilizados para o ecoturismo. Diante de tudo isso, é certo afirmar que a cidade possui um forte potencial turístico, sem contar sua localização a apenas 85 km de Goiânia”, expressa Edmar.
Floresta Nacional de Silvânia é dica imperdível de passeio para amantes da natureza (Foto: Divulgação)
Além do potencial para o turismo de ecoaventura, uma das forças da cidade continua sendo sua estreita relação com a educação. Uma das revelações mais importantes da literatura brasileira nos últimos anos, o escritor André de Leones reside atualmente em São Paulo, mas passou toda a infância e boa parte da juventude em Silvânia. Hoje aos 41 anos de idade e com sete livros publicados, ele relembra a vocação educacional da cidade goiana e conta que a Biblioteca Pública era um de seus refúgios quando vivia por lá. André foi alfabetizado e estudou até a antiga oitava série no Instituto Auxiliadora. Depois, continuou sua formação no Ginásio Anchieta, em meados dos anos 1990.
“Havia um padre chamado Manoel Claro com quem sempre gostei de conversar. Era um homem muito inteligente e sardônico, que me emprestava livros, por assim dizer, heterodoxos, como "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", de José Saramago, e "Memorial de Maria Moura", de Rachel de Queiroz. Ele foi muito importante para a minha formação, assim como outras pessoas. Cito meus professores Edmar Camilo Cotrim, Marta Buss, Auxiliadora Godinho e Célia Tosta, educadores extraordinários. Por alguns anos, convivi com o professor e escritor Aldair Aires, então radicado na cidade, e ele foi importantíssimo para que eu desse os meus primeiros passos na carreira literária”, relembra André.
Enquanto exalta seu passado glorioso e começa a explorar novas possibilidades para o futuro, Silvânia está ansiosa pelo retorno à normalidade, uma vez que algumas de suas principais expressões culturais e artísticas foram afetadas pela pandemia. A festa de São Sebastião, que já foi considerada a segunda maior festa religiosa de Goiás, chegava a reunir 37 grupos de folias do município e mais de mil pessoas esperando a chegada dos foliões com disparos de tiro de cravinote e cantoria. Duas vezes por ano, a cidade também costumava realizar uma grande feira de artesanato, orquídeas e suculentas na praça do Rosário. Então, quando a pandemia acabar, Silvânia merece, sem sombra de dúvidas, destaque na lista de lugares a se conferir em Goiás.
Vista aérea da região do Lago Corumbá IV em Silvânia que receberá a Fazenda Canoa (Foto: Divulgação)
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