Após fertilização in vitro, mulher descobre tumor cerebral



A britânica Serena Jardine passou por cinco sessões até que, seis anos depois, foi diagnosticada com um tumor do tamanho de uma laranja

O sonho de ser mãe fez com que a britânica Serena Jardine, 53 anos, recorresse à fertilização in vitro (FIV), procedimento em que os médicos estimulam a produção de óvulos por meio de medicamentos injetáveis que aumentam as doses do hormônio folículo estimulante (FSH).

Em 2014, seis anos após ter realizado cinco sessões de FIV, a mulher foi diagnosticada com um tumor cerebral do tamanho de uma laranja. O tumor, chamado meningioma, já existia antes do tratamento.

Antes de dar a luz a James, hoje com oito anos, Serena passou por cinco rodadas de fertilização in vitro ao longo de quatro anos. Durante este período, ela teve que enfrentar três abortos espontâneos. Em 2012, cerca de 18 meses após ter seu filho, foi diagnosticada com um tumor cerebral não cancerígeno.

A mulher foi operada três semanas depois do diagnóstico. De acordo com a equipe médica, a britânica já tinha o tumor desde 2006, dois anos antes de dar início ao tratamento de fertilização artificial, portanto o procedimento não havia sido a causa do problema. Contudo, o potente tratamento hormonal pode ter piorado a situação, segundo eles, facilitando o crescimento do tumor.

A operação para a retirada da massa celular foi delicada, porém os médicos conseguiram remover 95% do tumor. Infelizmente, Serena perdeu parte da visão e desenvolveu problemas na tireoide após a cirurgia.

“Ninguém me disse nada sobre as desvantagens potenciais [da fertilização in vitro]. Disseram apenas ‘isso é o que temos que fazer para você ter um bebê'”, disse Serena, em entrevista ao Daily Mail. “Obviamente, estou muito feliz por ter meu filho, mas não foi uma jornada fácil”.

Sintomas silenciosos

Em 2006, dois anos antes de dar início ao tratamento de FIV, Serena Jardine começou a sentir os primeiros sintomas do tumor cerebral sem saber. Após apresentar uma forte dor de ouvido, ela chegou a passar por uma bateria de exames, mas os médicos não detectaram nada de anormal.

Como o meningioma não era canceroso, os médicos que a atenderam acreditam que ele poderia ter existido por muito tempo como um pequeno caroço, porém não grande o suficiente para pressionar o cérebro da paciente ou causar quaisquer sintomas óbvios.

Logo após dar à luz, Serena começou a apresentar sintomas mais recorrentes, como esquecer as chaves na porta. “Esquecia de levar minha bolsa comigo para os lugares e comecei a ter uma ocasional dor de cabeça muito forte meses depois que James nasceu”, relatou.

Os episódios de esquecimento foram ficando cada vez mais frequentes, ao mesmo tempo em que ela notava alterações bruscas de humor. “Eu ficava instantaneamente irritada se algo me perturbava. Era algo muito emocional. Eu sou uma pessoa muito gentil, mas perdia o controle com as menores coisas”, relembra.

Scott, marido de Selena, decidiu levá-la ao hospital após fazer uma pergunta à esposa e perceber que ela não conseguia responder, pois seu rosto estava paralisado. Após o diagnóstico e a cirurgia, os médicos afirmaram que os hormônios reprodutivos recebidos durante o tratamento podem ter contribuído para o crescimento do tumor.

Meningiomas são tumores que crescem em membranas entre o crânio e o cérebro ou a medula espinhal. Nove em cada 10 deles não são cancerígenos e crescem lentamente, o que significa que podem não causar quaisquer sintomas.

Fertilização in vitro e câncer

De acordo com Marina Barbosa, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), casos como o de Serena Jardine são extremamente raros. “Nunca tinha ouvido falar na relação entre FIV e meningioma. Este é um tumor raro e que tem origem multifatorial. Ela provavelmente já tinha essa probabilidade genética”, detalha.

A especialista explica, ainda, que o tipo de tumor da paciente britânica responde a vários estímulos, portanto não é possível afirmar com certeza que o tratamento hormonal foi o responsável por fazê-lo crescer. “Não há nenhum estudo que diga que o uso de hormônios causa o crescimento deste tipo de tumor. No caso dela, foi uma infeliz coincidência”.

“Existem pesquisas recentes, feitas com mais de 200 mil mulheres, que demonstram que não há aumento do risco de nenhum tipo de câncer ginecológico (de mama, endométrio ou ovário) por causa do tratamento de FIV”, reforça Marina Barbosa.

A ginecologista esclarece que o tratamento de fertilização in vitro leva em torno de 10 a 12 dias. Após este período, os níveis hormonais da paciente voltam às taxas normais, portanto não seriam capazes de alterar tumores ou mesmo causar câncer. “Temos evidências que mostram que o tratamento não aumenta a gravidade do câncer, não atrasa a quimioterapia e não causa nenhum prejuízo do ponto de vista oncológico à paciente”, finaliza.

Fonte: Metrópoles/Glaucia Chaves

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